terça-feira, 3 de agosto de 2010

SISM - Síndrome da Irritabilidade Sem Motivo

Você se irrita facilmente? Já contou, diariamente, quantas vezes você se irrita sem motivo aparente?

Companheiros de trabalho que se irritam diante do mínimo aborrecimento. Chefes que se irritam por que são contrariados ainda que sutilmente pelos seus subordinados. Pais que se irritam pela correria e gritaria dos seus filhos, como se preferissem filhos paraplégicos, surdos-mudos.

Irritamo-nos com os sinais de trânsito, mesmo que eles sejam capazes de salvar vidas. Esbravejamos quando o motorista da frente vira sem dar sinal. Enfiamos a mão na buzina logo que o sinal abre e o motorista da frente não arranca rapidamente seu veículo.

Já cometi vários erros com meus filhos e amigos. Tantas vezes foram as que me irritei quando assistia a determinado programa de TV e eles pediram minha atenção. Quantas vezes fazemos isso?

Nossos filhos, ansiosos para nos contar as descobertas maravilhosas da vida, descobertas simples, como a de que os pássaros voam, os cães deitam e rolam, a minhocas mesmo quando cortadas em várias partes, ainda se movimentam, que as abelhas produzem mel através do pólen que coletam das flores, e nós, cessando a criatividade deles, não os ouvimos, preferindo continuar a assistir o noticiário da TV, a novela, o filme, mesmo estando em jogo a alegria de quem dizemos amar sem ressalvas.

Aos poucos vamos acumulando pequenas irritabilidades. Todo instante, todo momento, diariamente, nos irritamos facilmente. Deixamos de contemplar pequenas belezas. O passeio pelo parque já não é atraente, o abraço do filho quando chegamos exaustos do trabalho não alenta, o jantar em família não é praticado.

Ao fim do dia, parecemos cansados, mesmo que não tenhamos feito grandes exercícios físicos. Mas, mentalmente, sufocamos a paciência, a arte de contemplar pequenas coisas pelo excesso de momentos que nos irritaram, por mais que nenhum deles fosse merecedor de causar irritação.

Se estudarmos a arquitetura dos pensamentos, reconheceremos o mal que fazemos a nós mesmos quando nos irritamos, pois todas essas idéias irritadiças, pensamentos negativos e conclusões sem análises ficarão para sempre registrados em nossa mente, norteando nossa existência. Como ser saudável se não nos nutrimos com o pão da compreensão e do entendimento e sim, comemos o pão amargo da irritação?

Nos irritamos com o vendedor que não nos atende adequadamente, mesmo sem compreender que fora arremessado naquela profissão e ainda não teve a oportunidade de ser treinado.

Somos acometidos pela irritação quando o pneu do veículo fura e, debaixo de chuva, temos que substituí-lo, mesmo que bilhões de pessoas sequer têm calçados para os pés. Ficamos irritados quando o salário atrasa um único dia, ainda que milhares aguardem uma vaga.

A irritabilidade, na verdade, surge da nossa incapacidade de reconhecer o quanto temos motivos para ser feliz. Não ousamos brindar o dia que nasce, os filhos que temos, o emprego que possuímos. À mínima contrariedade, nos irritamos.

A maioria de nós também é capaz de se irritar pelo que ainda não aconteceu. Sofremos pelos pensamentos antecipatórios, por mais que 90% das coisas que imaginemos ser catastróficas, sequer aconteçam, e os 10% que acontecem, nem se aproximam das tragédias que imaginávamos suceder.

Irritar-se é aprisionar a alegria, massacrar o prazer de viver. Toda vez que se irritar à mínima ofensa ou diante de qualquer outro acontecimento, lembre-se de que está trucidando um valioso período da sua vida, e de muitas outras pessoas.

Se diante de algumas situações, você perceber que irá perder o controle, pare e pratique a arte de pensar antes de reagir. Nutra seu ser com sabedoria. Questione-se, por exemplo, assim: “qual será o impacto de minha atitude em minha e à vida das demais pessoas?” Quase sempre que nos permitimos essa análise, a ação ou reação que teremos será calidamente menos agressiva.

Não permita que a alegria de viver e a possibilidade de contemplar os pequenos momentos da vida sejam sobrepostas pela irritabilidade. Transforme seus dias e o das pessoas que o rodeiam em inesquecíveis e saudáveis instantes.

Quais têm sido suas irritações? Pelo que tem trocado o prazer dos momentos? Você se permite roubar precisos instantes da sua vida? Qual é a contribuição à sua existência, toda vez que se deixa furtar pela irritabilidade?



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